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“Feminismo e extrema-direita” foi o tema que deu a vitória a Iva Tavares

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“Feminismo e extrema-direita” foi o tema que deu a vitória a Iva Tavares

[26.01.2023]

A aluna Iva Tavares leu, no jornal PÚBLICO, um artigo da autoria da professora e investigadora Cecília Honório (O feminismo liberal a normalizar a extrema-direita)e decidiu escrever também um, para expressar o seu ponto de vista. Esse texto, que abaixo publicamos, venceu a edição de dezembro do concurso “Isto também é comigo!”, promovido pelo PÚBLICO na Escola e pela Rede de Bibliotecas Escolares.

Foto de Sofia Rodrigues

 

 

Feminismo e extrema-direita 

Com a recente eleição da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, feministas liberais felicitaram a sua vitória, acreditando que para além de um ganho para a recém ministra seja também uma conquista para todas as mulheres.

Será uma vitória para todas as mulheres, a eleição de Giorgia Meloni?

Tive esse questionamento depois de ler o artigo da Cecília Honório “O feminismo liberal a normalizar a extrema-direita”. Segundo o mesmo, uma das premissas [destas reações] é acreditar que “uma mulher na política [ é ] como um vasilhame, sem ideologia nem agenda política”. Premissa da qual discordo, pois qualquer ser político representa uma ideologia, sendo que, no caso de Meloni, esta representa políticas e ideologias de extrema-direita.

Uma das medidas do seu programa eleitoral é a abolição do rendimento de cidadania, o que retirou milhões de famílias italianas da pobreza, sobretudo mães que, com mais rendimentos, tinham conquistado mais autonomia. A eliminação deste rendimento não defende os interesses das mulheres.

Além disso, Giorgia Meloni não poderia mesmo representar as mulheres, visto que elas votaram menos que os homens. “Elas representam 51,74% das pessoas com direito a voto, mas em 25 de setembro 65,74% dos homens foram às urnas e 62,19% das mulheres”, afirmou Davide Del Monte da plataforma onData, em declarações à Agência ANSA.

Então, se Meloni não representa as mulheres, quem representa? Malala, uma das maiores ativistas, trabalha para que mulheres e crianças por todo mundo tenham acesso à educação. Em contraste, Giorgia tira rendimentos de famílias, o que compromete os estudos de várias italianas. Marielle Franco, a vereadora brasileira, “[trabalhou na] comissão de defesa das mulheres e construiu um mandato […] com foco em saúde pública e direito das mulheres” , como se lê na Agenda Marielle; em contrapartida, Meloni compartilhou um vídeo de uma mulher a ser violada.

Em suma, será Giorgia Meloni ou qualquer mulher de extrema-direita em destaque político uma conquista? Não, não será. Porém, devemos lutar para que mais mulheres ocupem esses espaços, mas com políticas que construam e desenvolvam a sua vida. Por isso, deixo aqui a seguinte frase, que pode servir de apelo: “Não sou livre enquanto outra mulher for prisioneira, mesmo que as correntes dela sejam diferentes das minhas” (Audre Lorde). 

Iva Tavares
12.º ano
Agrupamento de Escolas da Moita

A vencedora da edição de novembro deste concurso promovido pelo PÚBLICO na Escola e pela Rede de Bibliotecas Escolares irá receber uma coleção de livros do PÚBLICO. A escola poderá escolher entre uma assinatura digital anual do PÚBLICO ou uma coleção de livros para a biblioteca.

Integraram o júri do concurso: Raquel Ramos, em representação da RBE; Carolina Franco, jornalista, colaboradora do PÚBLICO na Escola; Cláudia Sá, professora de Português e coordenadora do Clube de Jornalismo da Escola Básica António Correia de Oliveira, em Esposende; Gustavo Pereira, aluno do Agrupamento de Escolas de Águas Santas, Maia; e Luísa Gonçalves, coordenadora do PÚBLICO na Escola.

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