Iniciativa que consiste num concurso de escrita criativa que implica escrever um texto original e criativo subordinado a um tema a definir em cada ano. Os textos podem ser apresentados em Língua Portuguesa ou Língua Estrangeira (Inglês, Francês, Espanhol ou Alemão).
Em 2024.2025, o concurso implicou escrever um texto original e criativo subordinado ao tema “Cidadania e interculturalidade”.
Os jovens participantes, divididos em dois escalões (Escalão A - Grupo etário 12-15; Escalão B - Grupo etário 16-19), exercitaram as competências de escrita criativa associadas à reflexão do tema em apreço, tendo agora oportunidade de ver os seus trabalhos no Portal da RBE e do Agrupamento.
Um Novo ComeçoA sala de aula estava silenciosa quando a porta se abriu. Todos os olhares se voltaram para o rapaz que entrou, de cabeça baixa, segurando a mochila com força. A professora sorriu e disse: — Pessoal, este é o Amir. Ele vem da Síria e vai ser nosso colega. Um burburinho percorreu a turma. Uns cochichavam, outros espreitavam de soslaio. Amir olhou rapidamente à volta e sentiu um aperto no estômago. Não falava bem a língua, não conhecia ninguém e não sabia como se encaixar. Nos primeiros dias, passou despercebido. No intervalo, encostava-se à parede. Na cantina, comia sozinho. Tentava ser invisível. Até que, numa aula de Educação Visual, Sofia puxou conversa: — Esse desenho é teu? Está incrível! Amir hesitou, depois empurrou o caderno para ela. Era uma cidade destruída, com figuras pequeninas ao fundo. Sofia ficou a olhar, impressionada. — Uau. Como se chama? Ele murmurou: — A minha casa. Antes. Sofia engoliu em seco, sem saber o que dizer. Mas, em vez de mudar de assunto, pegou num lápis e começou a desenhar ao lado do desenho dele. Aos poucos, Amir começou a sentir-se menos deslocado. Alguns colegas pediam para ver os seus desenhos. Outros começaram a ensiná-lo a dizer expressões simples. Não foi de um dia para o outro, mas Amir percebeu que nem toda a gente o olhava como “o rapaz diferente”. Um dia, durante uma aula de Cidadania, a professora perguntou: — O que significa viver numa sociedade inclusiva? Houve silêncio. Amir olhou para Sofia, que sorriu para ele como quem diz “Vai lá!”. Criou coragem, levantou a mão e disse, devagar: — Significa... não estar sozinho. Reflexão Vivemos num mundo onde culturas e línguas se cruzam constantemente. No entanto, ainda há preconceito, exclusão e medo do que é diferente. A história de Amir podia ser a de qualquer jovem que chega a um lugar novo e se sente deslocado. A interculturalidade não é apenas conviver com diferentes culturas, mas aprender com elas. Ser cidadão não é só conhecer direitos e deveres, é agir para tornar o mundo mais justo. E, às vezes, um gesto tão pequeno como perguntar “Queres desenhar comigo?” pode ser o começo de uma grande mudança. O desafio não é apenas aceitar a diversidade, mas torná-la parte do nosso quotidiano. Se cada um der um passo em direção ao outro, poderemos construir uma sociedade mais inclusiva – e tudo começa com pequenas escolhas dentro e fora da sala de aula. Mariana Alhandra Oliveira, 10º AnoEscola Secundária Pedro Nunes, Lisboa |