Projetos > Ser escritor é cool > Desafio 3

Trabalho vencedor - 3.º Ciclo

Texto

O poeta perdido no tempo

Certo dia, um estranho fenómeno ocorreu, Luís de Camões, o grande poeta do Renascimento, acordou em pleno século XXI, enquanto um jovem escritor chamado Eduardo, despertou no século XVI. Sem entenderem nada do que havia acontecido, ambos tentaram adaptar-se a essa nova realidade.

Camões no Século XXI

Atordoado com as luzes artificiais, os veículos velozes e as pessoas presas em retângulos brilhantes, Camões vagueava pelas ruas de Lisboa, sentindo-se um exilado na sua própria terra. As roupas estranhas e as construções imensas, deixavam-no de boca aberta.

- Mas que feitiçaria é esta? Será castigo ou divagação da minha mente? - murmurava, tentando entender as imensas letras luminosas que piscavam.

Caminhando sem rumo, Camões encontrou um jovem que o encarava com os olhos arregalados. Era Eduardo que, pálido e trémulo, quase caiu da trotinete em que se deslocava.

- Senhor… Vós… Não sois Luís de Camões?… Não pode ser! - exclamou Eduardo, confuso.

- E por que não? A menos que eu tenha sido atirado para o interior de um pesadelo do qual não consigo despertar! Diga-me, moço, que mundo é este em que me encontro?

Eduardo respirou fundo e explicou pacientemente que estavam no século XXI, uma época de avanços tecnológicos surreais.

Camões ficou perplexo.

- E onde está a poesia, a arte do verso e da rima? Porventura estas engenhocas modernas substituíram o coração?

Eduardo riu-se, mas logo voltou a ficar sério.

-Ainda há poesia, se bem que não como antes. Hoje, muitos poetas escrevem em ecrãs e compartilham as suas palavras para que milhões de pessoas as leiam em segundos, em qualquer canto do globo.

- Se a minha epopeia OS LUSÍADAS tivesse sido publicada desse modo, quantas mais almas a teriam lido? – interrogou-se o génio ruivo. - Mas os livros? E as conversas? Ainda existem?

- Sim, porém muitos preferem conversar por mensagem, em vez de pessoalmente.

- Então vós trocais olhares por letras frias?

Enquanto a perplexidade de Camões se adensava, sente-se um vendaval que transporta ambos os homens de letras.

Eduardo no Século XVI

Eduardo estava perdido na Lisboa renascentista e tentava compreender como sobreviver sem Internet, sem eletricidade e sem as felicidades do mundo moderno.

Entretanto, o jovem foi acolhido por um grupo de poetas e descobriu que a criatividade florescia nos palácios e nas praças.

- Então os senhores reúnem-se para declamar poesia e contar histórias? - perguntou o jovem escritor, fascinado.

- Como haveria de ser diferente? - replicou um poeta já de meia-idade. - As palavras unem os homens, e a arte é a nossa ponte para a eternidade.

Eduardo sorriu. Talvez a modernidade tivesse muito a aprender com o passado.

No fim da jornada, Camões e Eduardo foram teletransportados de volta aos seus tempos, todavia levaram com eles uma nova visão do mundo, mais rica e esperançosa. Camões passou a sonhar com um futuro onde a poesia ainda viveria, e Eduardo começou a valorizar mais o contacto humano, misturando a arte clássica com a tecnologia.

E assim, através dos tempos, a poesia continua viva.

Filipa Kemilly de Oliveira Feitosa | 9.ºB
Instituto Militar dos Pupilos do Exército
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