O trabalho das bibliotecas escolares é enquadrado pelo Modelo de Avaliação da Biblioteca Escolar, que integra um conjunto de orientações destinadas a conduzir a ação das bibliotecas em direção à excelência.
A este Modelo, juntou-se em 2021 o Quadro Estratégico 2021- 2027, Bibliotecas Escolares: Presentes para o futuro que, partindo de um diagnóstico e de orientações nacionais e internacionais, define as linhas de ação que norteiam a atividade da Rede de Bibliotecas Escolares (RBE), durante o seu período de vigência.
A ação da biblioteca, seja no domínio da gestão funcional, seja no âmbito da dinamização pedagógica, é suportada pelos valores inscritos nesse quadro estratégico, com especial relevo para a liberdade, a diversidade, a colaboração e a excelência.
Este documento prevê que, em cada ano, sejam definidas áreas de intervenção prioritárias, embora, naturalmente, devam continuar a ser atendidos os vários fatores críticos de sucesso nos diferentes domínios de atuação da biblioteca.
Em tempos de acelerada transformação, marcados pela instabilidade geopolítica, pela emergência climática, pelas rápidas mudanças tecnológicas e pelo aumento do mal-estar emocional entre crianças e jovens, 2025-2026 traz às escolas grandes desafios.
Neste cenário, as bibliotecas escolares reafirmam o seu papel estruturante na promoção das literacias, da equidade, dos valores democráticos e do bem-estar, oferecendo ambientes de aprendizagem seguros, acolhedores e significativos, propícios à construção do saber em liberdade, diálogo e pertença.
Assim, em 2025-2026, as bibliotecas escolares atentarão especialmente nos domínios de intervenção seguintes:
Leitura, escrita e oralidade: para aprender e participar |
O domínio das competências de leitura, escrita e expressão oral continua a ser determinante para o sucesso pessoal, académico, cívico e profissional dos alunos e, mais amplamente, para o desenvolvimento sustentável do país. Contudo, os estudos nacionais e internacionais apontam para um declínio preocupante na proficiência leitora e nos hábitos que a sustentam.
Perante este cenário, é imperativo reforçar o investimento na leitura como competência matricial da biblioteca escolar. Esse investimento começa na primeira infância, com o estímulo precoce ao gosto de ler, e deve prolongar-se ao longo de toda a escolaridade, garantindo práticas consistentes que favoreçam o prazer,
a compreensão e o pensamento crítico.
A resposta não está em ações pontuais, mas em estratégias continuadas, adaptadas às diferentes idades e perfis de leitores. As bibliotecas escolares devem assumir práticas estruturantes e mobilizadoras, capazes de envolver os menos motivados, promover o treino regular da leitura e da escrita, e apoiar o desenvolvimento de competências linguísticas essenciais à participação informada e responsável na sociedade.
Orientações/ Recursos | Inspirações | |
• Crescer com a leitura | • Sugestões - Leitura | |
• aLer mais e melhor | • Sugestões - Escrita | |
• Práticas - Leitura | ||
• Práticas - Escrita |
Media e informação: para responder aos desafios do digital |
A vida em ambientes digitais transformou a forma como comunicamos, aprendemos e participamos na sociedade. Dominar competências informacionais e mediáticas tornou-se essencial para uma participação livre, crítica e segura e a ausência destas competências expõe os alunos à exclusão, à manipulação e a riscos
diversos.
A emergência de fenómenos como a desinformação em larga escala, os conteúdos gerados por inteligência artificial e o poder invisível dos algoritmos acentua a urgência de capacitar os alunos para lerem criticamente os media, identificarem fontes fiáveis, compreenderem os processos de produção e circulação da informação, refletirem sobre o impacto das tecnologias na sociedade, usarem os media de forma ética e responsável e potenciarem a sua utilização para comunicar, aprender e participar na sociedade.
Neste contexto, as bibliotecas escolares devem continuar a consolidar o seu trabalho no âmbito da literacia informacional e mediática, investindo em
todos os níveis de ensino de forma articulada, sistemática e progressivamente mais complexa, devendo apresentar- se como parceiras estratégicas
na construção de programas de literacia informacional e mediática com que as escolas globalmente se comprometam.
Orientações/ Recursos | Inspirações | |
• ProLiteracias: Informação e Media | • Sugestões | |
• Dominar a informação | • Práticas | |
• Saber usar os media | ||
• MILD | ||
• Tutoriais: Informação e Media |
Humanismo e interculturalidade: para promover a empatia e a paz |
Vivemos um tempo marcado por conflitos armados, migrações forçadas e discursos polarizadores que colocam em causa valores fundamentais como os direitos humanos, a dignidade, a igualdade e o bem- estar coletivo. As escolas acolhem presentemente um número crescente de alunos oriundos de diferentes contextos geográficos, culturais e linguísticos, alguns em situação de grande vulnerabilidade. Esta realidade torna ainda mais evidente a urgência de educar para a convivência democrática, o respeito mútuo e a valorização da diversidade.
As bibliotecas escolares, enquanto espaços de encontro, conhecimento e mediação cultural, têm um papel determinante na construção de uma cultura de paz,
empatia e justiça social. Promover o humanismo e a interculturalidade implica criar oportunidades para conhecer outras realidades, desenvolver a escuta
ativa e o pensamento crítico e afirmar a escola como lugar de pertença para todos.
Orientações/ Recursos | Inspirações | |
• A de Acolher | • Sugestões | |
• Artes e património com a biblioteca escolar | • Práticas | |
• Cidadania e biblioteca escolar | • Práticas II |
Infraestrutura física e digital: para garantir eficácia e inovação |
A diversidade crescente de funções e utilizadores das bibliotecas escolares exige espaços físicos flexíveis, confortáveis e tecnologicamente atualizados, capazes de acolher diferentes dinâmicas de trabalho. Ao mesmo tempo, num quotidiano cada vez mais mediado pelo digital, torna-se essencial garantir uma presença em linha
eficaz, acessível e permanentemente ajustada às necessidades da comunidade educativa.
Reconfigurar os espaços físicos e repensar rotinas e modelos de funcionamento é uma exigência constante. As bibliotecas devem manter-se acolhedoras, funcionais e inovadoras, ambientes de aprendizagem significativa.
Do mesmo modo, os serviços digitais devem ser robustos e relevantes: é necessário investir em plataformas de apoio à leitura e à pesquisa, curadoria de
recursos, canais de comunicação com os utilizadores e espaços virtuais de partilha e aprendizagem.
Orientações/ Recursos | Inspirações | |
• Presença em linha de bibliotecas escolares | • Presença em linha | |
• Gestão e organização da coleção digital | • Espaços de biblioteca | |
• Serviço de referência nas bibliotecas escolares: orientações |
Lema transversal: Conhecer & conviver: biblioteca, espaço de bem-estar |
O bem-estar é hoje reconhecido como uma dimensão essencial da qualidade educativa, tendo o equilíbrio físico, emocional e social impacto direto na aprendizagem, na saúde mental e no desenvolvimento global dos jovens.
O aumento de sinais de mal-estar físico, emocional e relacional nas escolas torna necessária a criação de ambientes que favoreçam o equilíbrio, a aprendizagem e o desenvolvimento pessoal.
A biblioteca escolar deve assumir um papel relevante nesta resposta.
Ao cuidar do espaço, da organização, da estética e da acessibilidade, contribui para o bem-estar físico e para o conforto dos seus utilizadores.
Ao promover o conhecimento, com propostas que valorizam a curiosidade, a leitura, a pesquisa, a expressão pessoal e a literacia digital crítica, apoia o bem-estar cognitivo, emocional e digital.
Ao favorecer a convivência, com iniciativas que promovem a empatia, o respeito pela diversidade e a construção de relações positivas, reforça o bem-estar social e o sentido de comunidade.
Ao fomentar a reflexão e o debate sobre questões candentes, sublinha a importância da consciência climática e do bem-estar ambiental.
A biblioteca será em 2025-2026 um espaço acolhedor, onde a preocupação com o bem-estar estará presente em cada projeto, em cada mediação, em cada prioridade, orientando práticas, relações e decisões ao serviço de uma escola humana, onde todos se sintam bem.