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Trabalho vencedor - Ensino Secundário

A minha vida em perspetiva? O que me atormenta? O que quero alcançar?

Eu tinha medo dos monstros.

Até aos meus oito anos, a minha maior preocupação era acordar o meu irmão a meio da noite, enquanto me escondia no quarto dele. Tenho saudades desse tempo.

Agora,  a  minha  preocupação  é  a  pergunta:  “Tens  média  suficiente  para entrares na faculdade?”

Tenho  dezasseis  anos.  Desde  pequena  que  professores  me  incutiram  que, para  alcançar  verdadeira  felicidade e  sucesso,  tinha  de  ter  um  bom  percurso académico,  frequentar  a  universidade,  arranjar  um  emprego  bem remunerado  e trabalhar  até  à  reforma.  No  entanto,  continuo  frequentemente  a  perguntar-me  se  a minha vida realmente depende de tudo isso. Afinal, será que a felicidade e o sucesso, neste mundo atual, são compatíveis?

Agora,  ao  olhar  para  o  passado,  vejo  que,  desde  pequena,  tive  de  tomar decisões que influenciaram e vão continuar a influenciar a minha vida, desde escolher uma  segunda  língua  para  aprender,  até  escolher  um  curso no  qual  vou  estudar  e trabalhar.  Ao  contrário  do  medo  dos  monstros,  que  não  passava somente  de  uma fase, sinto que este tipo de pensamentos é algo que me vai continuar a atormentar de uma forma persistente. Afinal de contas, serei realmente eu a decidir o meu futuro?

A  verdade  é  que,  na  maioria  dos  casos,  todos  temos  de  passar  por  este processo  para  alcançarmos  aquilo  com  que  sonhamos.  Todos  passamos  pelas 
mesmas  dúvidas,  medos,  incertezas  e  até  mesmo  inseguranças.  A  minha  vida  vai mudar, assim como os meus pensamentos e objetivos. O importante é a atitude em relação ao rumo que vou seguir, independentemente de qual seja.

Não  vou  mentir,  quando  era  mais  nova,  queria  ser  dançarina,  atriz,  cantora, etc… Isso era algo que me trazia gosto e que nunca me fazia perguntar no que seria 
preciso  para  alcançar  tal  profissão  ou  sequer  se  a  iria  conseguir  alcançar.  Nessa altura, não era influenciada por fatores como o dinheiro e a fama.

Agora  sou  mais  realista.  Sei  que  sonhar  e  alcançar  são  conceitos  bastante diferenciados. Já não quero ser dançarina, nem cantora, nem atriz. Todos esses meus 
interesses mudaram.  Mas  mais  do que  um  emprego  ou  uma  área  específica, quero alcançar a felicidade e o sentimento de concretização. Acho que, desde o princípio, devia ouvir o que os meus pais me diziam: “Não importa o que fazes, desde que sejas feliz a fazê-lo”.

Tive medo de monstros, de escolher uma língua e um curso. Tenho medo de me tornar adulta, de não ter sucesso e tenho medo de trabalhar num emprego que não 
gosto.  Só  agora  é  que  percebi  que,  ao  longo  destes  anos,  tive  medo  de  coisas insignificantes, mas que, na altura, pareciam importantes.

Acima de tudo, neste momento, tenho medo de não ser feliz.

Carolina Torcato; Catarina Gomes; Joana Gomes e Madalena Marques
Escola Básica e Secundária Professor Armando de Lucena  
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