A dependência do telemóvel, tema do texto vencedor, escrito por Margarida Mateus Cruz

[29.12.2023]
Concurso “Isto também é comigo!” premeia desta vez aluna do Agrupamento de Escolas de Condeixa-a-Nova.

Um texto de opinião no PÚBLICO serviu, em novembro, de ponto de partida para a reflexão da aluna vencedora de mais uma edição do concurso “Isto também é comigo!”. A iniciativa, mensal, junta o PÚBLICO na Escola e a Rede de Bibliotecas Escolares. Integraram o júri: Carolina Franco, jornalista, PÚBLICO na Escola; Cláudia Sá, professora de Português e coordenadora do Clube de Jornalismo da Escola Básica António Correia de Oliveira, em Esposende; Mafalda Eiras, aluna do 10.º ano na Escola Secundária Henrique Medina, Esposende; e Raquel Ramos, elemento da equipa do Gabinete Coordenador da RBE.

Fotografia de Duarte

 

Os adolescentes e os telemóveis

Enquanto adolescentes do século XXI, dizem-nos que estamos sempre no telemóvel. Sendo eu uma dessas adolescentes, posso dizer que o facto de termos passado pela pandemia de COVID-19, com dois confinamentos e aulas online, teve em nós, que estávamos na idade de nos “criarmos”, um impacto brutal.

Entrando numa escola e olhando para as pessoas, são poucas as que não estão no telemóvel, tal como refere Marília Favinha no artigo do jornal PÚBLICO “Nunca, como agora, Aristóteles fez tanto sentido: a Escola à procura de si”. Grande parte dos adolescentes preferem estar sozinhos. Isto deve-se também ao facto de o telemóvel ser um refúgio. Penso que a culpa se pode atribuir às redes sociais e a todos quererem ser os melhores e os mais populares, uma vez que hoje em dia importa mais a quantidade de amigos que temos no mundo virtual. Porém, sempre ouvi dizer “antes poucos e verdadeiros, do que muitos e falsos”. 
A verdade é que não foram só os telemóveis que nos trouxeram até aqui: o isolamento a que fomos sujeitos durante os confinamentos fez com que, quando “libertos”, fazer amizades já não fosse algo tão natural. Cada um criou as suas medidas de proteção; a maior parte dos jovens passaram a andar sozinhos e “sempre no telemóvel”.

Tudo isto pode ter impacto nas nossas relações. Sem que nos apercebamos, estamos a criar uma barreira que agride a comunicação. Penso que, se nos sentirmos confortáveis com as pessoas, não vamos estar tanto tempo no telemóvel e ele deixa de ser um refúgio. 

Os professores mostram-se preocupados com a situação, não só pelo facto de os alunos usarem o telemóvel na aula sem permissão, mas também porque acabam quase por não ter uma vida para além das redes sociais. Efetivamente, relacionarmo-nos presencialmente faz-nos crescer mais como pessoas e aprender mais sobre nós e o mundo.

É evidente que o mundo e as pessoas estão cada vez mais dependentes do telemóvel. Haverá algo que possamos fazer para mudar esta situação? 

Margarida Mateus Cruz
Agrupamento de Escolas de Condeixa-a-Nova
12.ºano
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