A narrativa Os Dois Irmãos e a Bruxa, de Carlos Nogueira, é uma versão de um conto tradicional português que lembra o célebre conto dos Irmãos Grimm Hänsel und Gretel, sem que se possa afirmar que há uma dependência directa e inequívoca do conto português em relação ao texto recolhido e reescrito pelos autores dos Kinder- und Hausmärchen (Contos da Infância e do Lar, 2 vols. 1812, 1815).
Em Portugal e na Europa (e não só), são numerosas as versões desta narrativa em que entram dois irmãos e uma velha que é, afinal, uma bruxa que os quer comer, e por isso, pelo menos até ao momento, ninguém pode garantir que se trata da nacionalização ou naturalização de um dos contos dos Grimm.
Começa assim a versão de Carlos Nogueira, que nos diz, na Nota do autor”, que ouvia este conto na sua infância, durante a década de 1970, e que, para agora ser fiel ao modelo tradicional, recorreu à versão registada por Consiglieri Pedroso no livro Contos Populares Portugueses (1910), sob o título “Os Dois Pequenos e a Bruxa”.
Era uma vez uma mulher que tinha um filho e uma filha. Um dia, mandou o filho buscar cinco reis de tremoços, e depois disse aos dois: – Vou para a floresta apanhar lenha. Se eu não voltar, sigam as cascas de tremoços que vou deitando pelo caminho, e andem até me encontrar”.
Mas “A mãe não voltou e os irmãos lá foram seguindo as casquinhas de tremoços que ela deitara para o chão”.
Em vez da mãe, as duas crianças encontram uma velha que as quer assar no forno.
Com o auxílio de uma fada, os dois irmãos conseguem vencer a bruxa.
O bem vence o mal, a coragem vence o medo.
O diálogo que se estabelece entre as palavras e as ilustrações de Patrícia Figueiredo faz deste livro um objecto sedutor e comunicativo, como de resto é já característico das obras editadas pela editora Tcharan.