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Enquadramento

Justificação e relevância

Num mundo dominado pela informação digital, o risco de desinformação é crescente. A circulação instantânea de informação facilita a propagação de conteúdos não contextualizados, sensacionalistas e nem sempre fiáveis, funcionando as redes sociais e a inteligência artificial como amplificadoras de conteúdos virais, frequentemente sem os devidos filtros ou verificação.

Vários estudos [1] demonstram que o acesso às notícias se faz, cada vez mais, através das redes sociais, sobretudo entre os mais jovens, sendo muitos os utilizadores que consomem informação apenas a partir do que lhes surge nos seus feeds. Esta fragmentação e descontextualização das notícias torna mais difícil o acesso a conteúdos jornalísticos fiáveis e aprofundados, colocando em causa a capacidade de se compreenderem os acontecimentos com rigor e sentido crítico.

Face à acentuada exposição a conteúdos não verificados e à predominância das redes sociais como fonte primária de informação, a literacia mediática é, hoje, uma competência indispensável para se formarem cidadãos conscientes e críticos, fortalecer a democracia e construir uma sociedade mais resiliente e justa.

O projeto LIDERA visa, por isso, desenvolver competências críticas dos utilizadores de diferentes tipologias de bibliotecas (escolares, do ensino superior e municipais), capacitando-os para valorizarem o conteúdo informativo rigoroso, fundamentado e fiável e identificarem o que é viral e enganador.

 Ao encontro do Plano Nacional de Literacia Mediática 2025–2029

Aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 65/2025, o Plano Nacional de Literacia Mediática 2025–2029 define como prioridades:

  1. Promover a literacia mediática junto de todos os públicos;
  2. Combater a desinformação e as fake news;
  3. Promover um consumo responsável e informado de conteúdos;
  4. Promover uma cidadania mais informada e participativa.

Este plano reconhece, de forma explícita, a importância do acesso a fontes jornalísticas credíveis e prevê, entre outras medidas, a disponibilização gratuita de assinaturas de jornais e revistas a todos os jovens entre os 15 e os 18 anos, como forma de incentivar o contacto com conteúdos informativos de qualidade e fomentar hábitos de leitura regular da imprensa.

O projeto LIDERA alinha-se com estas orientações, acreditando que os benefícios da disponibilização de assinaturas serão potenciados se acompanhados de um trabalho participativo direcionado para a leitura crítica de conteúdos jornalísticos, a análise comparativa entre fontes, a consciencialização para os mecanismos de manipulação mediática e a valorização da informação jornalística como bem público.

Convocatória às bibliotecas

O Plano Nacional de Literacia Mediática 2025–2029 reconhece expressamente as bibliotecas como agentes fundamentais na promoção da literacia mediática e digital junto dos diferentes públicos.

Efetivamente, a sua proximidade às comunidades educativas e locais, a diversidade de recursos informativos que disponibilizam e a mediação qualificada dos seus profissionais fazem das bibliotecas espaços privilegiados para o desenvolvimento do pensamento crítico, da leitura informativa e da cidadania ativa.

Os Manifestos IFLA-UNESCO mais recentes — para as Bibliotecas Públicas (2022) e para as Bibliotecas Escolares (2025) — reconhecem as bibliotecas como espaços estratégicos para o acesso livre ao conhecimento e para a inclusão social, atribuindo-lhes um papel decisivo no desenvolvimento da literacia mediática, indispensável para a aprendizagem crítica e para o exercício de uma cidadania esclarecida.

Bibliotecas escolares

O recente Manifesto IFLA‑UNESCO para Bibliotecas Escolares (abril 2025) destaca as bibliotecas escolares como polos dinâmicos de literacia múltipla (digital, informacional e mediática) com papel central na promoção das aprendizagens críticas, investigação, e acesso equitativo a recursos físicos e digitais.

Bibliotecas do ensino superior

Embora ainda não exista um manifesto IFLA-UNESCO específico para bibliotecas do ensino superior, estas são consideradas centros de excelência na literacia informacional e mediática, ao apoiar pesquisa rigorosa, acesso a fontes de investigação e formação avançada em avaliação de conteúdos digitais.

Bibliotecas municipais

O Manifesto IFLA‑UNESCO para Bibliotecas Públicas (2022) reforça que estas instituições são centros de literacia comunitária, com responsabilidades claras: assegurar acesso igualitário à diversidade de conteúdos; promover as literacias digitais e mediáticas; apoiar grupos vulneráveis, garantindo acesso inclusivo e sem barreiras; e estimular a participação cívica e a capacidade de decisão informada nas comunidades locais.

Pela sua capilaridade territorial, diversidade de públicos e papel educativo, inclusivo e comunitário, o projeto LIDERA define as bibliotecas como principais agentes da sua operacionalização, indo, deste modo, ao encontro das orientações suprarreferidas.

Parceiros

O projeto LIDERA alicerça-se na parceria entre três instituições com intervenção nas áreas da educação, literacia mediática e regulação da comunicação:

Cátedra UNESCO Comunicação, Literacia Mediática e Cidadania (ESCS-IPL) – Estrutura de referência nacional e internacional na investigação, formação e ação em literacia mediática. Articula conhecimento científico e práticas pedagógicas inovadoras, contribuindo para a fundamentação teórica e metodológica do projeto.

Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) – Enquanto regulador independente dos media em Portugal, a ERC tem como missão garantir o pluralismo e a qualidade da informação, promovendo simultaneamente o desenvolvimento da literacia mediática e o combate à desinformação entre os cidadãos.

Rede de Bibliotecas Escolares (RBE) – Responsável pela coordenação nacional das bibliotecas escolares, assegura a sua integração nos projetos educativos e curriculares das escolas, promovendo a leitura, a literacia informacional e mediática e a cidadania digital desde os primeiros níveis de escolaridade.

Apoio

DGLAB - Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas

Referências

[1] Estudos

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