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Informação e desinformação - Literacia dos media em tempo de Covid-19


Agrupamento de Escolas/ Escola não agrupada

Escola Secundária São Pedro


Concelho

Vila Real


Localidade

Vila Real


Título da experiência

Informação e desinformação - Literacia dos media em tempo de Covid-19


Qual dos eixos temáticos principais é desenvolvido na sua proposta?

Desinformação: Educar para o consumo crítico da informação


Data e duração da implementação

2020 - 3º período (março a maio de 2020)


Descreva brevemente a experiência

Experiência de aprendizagem de articulação entre a Biblioteca Escolar e as disciplinas de Cidadania e Filosofia para desenvolvimento do currículo, nos domínios das Literacias Mediática, da Informação e Digitais, durante a situação pandémica, com recurso a meios exclusivamente digitais em situação de ensino a distância.

A situação pandémica obrigou à reinvenção das práticas e estratégias dos professores e das bibliotecas. Impunha-se manter o contacto com os alunos e não comprometer os objetivos de aprendizagem, o que obrigou à passagem para o ensino em linha e à utilização de ferramentas digitais para comunicação, colaboração e criação de conteúdos.


Idades dos alunos participantes

alunos de 13 anos (8º ano) e 16 anos (11º ano)


Disciplinas(s) implicada(s)

Cidadania e Filosofia


Quais foram os objetivos de aprendizagem?

Experiência de aprendizagem para promoção das competências de Pensamento Crítico, Informação e Comunicação, Desenvolvimento pessoal e Autonomia.

Objetivos e aprendizagens esperadas:

  • ler criticamente os media;
  • aprender a distinguir informação de desinformação;
  • tornar-se um cidadão crítico e informado;
  • pesquisar e avaliar a credibilidade de informações em diferentes fontes a partir de critérios;
  • tomar posição fundamentada e argumentar com consistência lógica;
  • trabalhar de modo autónomo com vista à construção de conhecimento exclusivamente a distância com recurso a plataformas digitais.
 

Qual foi a origem desta proposta?

Foi projetada pela equipa da Biblioteca Escolar, em colaboração com as docentes de Cidadania e Filosofia.

Embora seja uma experiência de aprendizagem nova, partiu da experiência e dos conhecimentos que a equipa da biblioteca escolar já possuía, com adaptação aos meios digitais.


Que metodologias foram utilizadas?

As metodologias utilizadas foram a Pesquisa Guiada - Guided Inquiry (Kuhlthau, Maniotes & Caspari,2012) e o trabalho em grupos cooperativos.

A pesquisa guiada é uma estratégia pedagógica que consiste na criação de ambientes de aprendizagem colaborativos e assenta num processo ascendente e gradativo de aprendizagem ativa num contexto informacional complexo.

Constrói-se uma questão de pesquisa a ser investigada pelos alunos com a orientação da equipa instrutora (professora bibliotecária e professores). Todo o processo é supervisionado com definição clara dos objetivos de aprendizagem, guiões de trabalho, cronogramas e instruções diretas sobre o que se espera que os alunos aprendam e os produtos que devem construir.

As metodologias de aprendizagem cooperativa consistem em pôr os alunos a trabalhar em grupo, mas de acordo com regras específicas. Estas incluem a formação dos grupos a partir de critérios e o ensino de competências de cooperação. Cada aluno deve sentir-se responsável pelas suas aprendizagens e pelas do grupo, num processo que exige a interdependência positiva, o domínio de competências sociais e a capacidade de se autoavaliar e avaliar o trabalho dos colegas.

O trabalho a distância exigiu novas competências de professores e alunos com a adaptação das metodologias aos meios digitais. O trabalho foi desenvolvido em aulas síncronas e assíncronas com recurso ao meet, às funcionalidades da Classroom e do workspace da Google.

As aulas síncronas eram da responsabilidade da equipa instrutora e nas aulas assíncronas usaram-se as funcionalidades da Classroom e do Workspace da Google para divulgação dos guiões de trabalho, partilha de trabalhos dos alunos de modo a permitir o feedback, quer de alunos quer de professores.

As atividades de avaliação formativa também se adaptaram ao digital:

  • Utilizou-se o Jamboard para a atividade KWL (O que sei, o que quero saber e o que aprendi) e o Google Docs para a técnica “Duas estrelas e um desejo”.
  • A agregação de conteúdos fez-se com recurso ao Wakelet   e ao Padlet .
  • O modo de apresentação dos trabalhos foi, nos alunos de 8º ano, o vídeo e nos alunos de 11º ano, o blogue.
 
Kuhlthau, C; Maniotes, L. & Caspari, A. (2012). Guided Inquiry Design. A Framework for Inquiry in Your School. ABC-CLIO. 
 

Se um professor de outro estabelecimento de ensino estivesse interessado em replicar a iniciativa, como a explicaria?
  1. Reunião de articulação da equipa instrutora (professora bibliotecária e professores de diferentes disciplinas) para:
    Definição dos objetivos de aprendizagem, seleção das metodologias pedagógicas a utilizar em função dos objetivos, produtos esperados, formas e critérios de avaliação (rubricas na classroom) e modos de apresentação dos resultados.

  2. Organização dos alunos em grupos cooperativos e treino das competências de cooperação: rotatividade dos papéis, responsabilidade de cada elemento, etc.

  3. Equipa Instrutora: curadoria de conteúdos – wakelet com links de notícias sobre a Covid-19 misturadas, notícias verdadeiras e “notícias falsas”, com vídeos com desinformação, etc.; Google docs com links para páginas, blogues e jornais com informação sobre a distinção entre notícias verdadeiras e falsas (pesquisa guiada pela equipa instrutora)

  4. Alunos: com base nos links constroem uma grelha de análise das notícias com 5 critérios a seguir.

  5. Equipa instrutoras: avaliação formativa no Jamboard sobre Informação| desinformação.

  6. Alunos: pesquisa autónoma – início da elaboração dos vídeos pelos alunos do 8º ano e dos blogues pelos alunos do 11º ano.

  7. Aulas síncronas com recurso ao meet para esclarecimento de dúvidas sobre os produtos a realizar.

  8. Apresentação dos trabalhos no padlet para feedback de alunos e professores – aplicação da técnica de avaliação formativa “Duas estrelas e um desejo” com base nos critérios de avaliação fornecidos.

  9. Reformulação dos trabalhos e divulgação nas redes sociais da biblioteca escolar.

Qual o grau de participação e de envolvimento dos alunos?

O envolvimento dos alunos foi elevado.

Durante a pandemia pelo Covid-19 os alunos estavam muito interessados em adquirir competências que lhes permitissem distinguir a informação da desinformação e era muito comum nos meios de comunicação social a expressão "notícias falsas ou fake news".

O ambiente mediático era propenso ao tratamento destes temas e a motivação dos alunos foi facilmente conseguida.

Por outro lado, a construção de trabalhos em meios exclusivamente digitais também foi do seu agrado.

Pensamos que os alunos adquiriram competências digitais e mediáticas o que contribuiu para a construção de cidadãos críticos e informados.


Como é que o uso da tecnologia enriqueceu ou melhorou a aprendizagem dos alunos?

O uso da tecnologia foi essencial. Em 2020 só era possível o ensino a distância e sem tecnologia não tinha sido exequível. No entanto, pensamos que, mesmo em formato presencial a adoção de ferramentas digitais tem um elevado efeito nas aprendizagens dos alunos.

A existência de uma Learning Management System como a Classroom permitiu que todo o trabalho fosse centralizado numa só plataforma e criado um ambiente de aprendizagem colaborativa o que permitiu a gestão de todo o processo de modo organizado e simples, sem grandes constrangimentos e com uma interação eficaz.

Desde logo a possibilidade de feedback em tempo útil com a adoção da partilha de documentos no Google Docs. Com esta ferramenta, os alunos podem construir um texto colaborativamente, podem dar feedback aluno-aluno com a função “comentário” e ainda permite a supervisão e acompanhamento do professor. Além de permitir também o feedback do professor. De igual modo a utilização do Jamboard para identificar os conhecimentos prévios dos alunos e como motivação para as aprendizagens também foi essencial no processo.

Outras ferramentas que permitem o trabalho colaborativo e o feedback, utilizadas nesta experiência como o Padlet e o Wakelet, sendo também excelentes ferramentas para agregação de conteúdos, foram também utilizadas para apresentação de sínteses, auto e heteroavaliação.

No entanto, consideramos que as ferramentas de criação de vídeo e os blogues, funcionando estes últimos como diários de aprendizagem ou e-portfólios foram os meios digitais adequados à apresentação das aprendizagens conseguidas pelos alunos.

A criação de vídeo numa ferramenta de fácil utilização como o Powtoon foi a escolhida para alunos de 8º ano e o Blogger para os alunos de 11º ano, pois esta última permite a inclusão das fontes, notas, gráficos, imagens, vídeos, hiperligações que evidenciam o conhecimento do tema e ainda resumos, sínteses e opiniões fundamentadas que evidenciam capacidade de reflexão.

A avaliação dos processos e das aprendizagens conseguidas também ficou mais fácil com a utilização do Google Forms para questionários de satisfação.


Que estratégias e instrumentos de avaliação foram utilizados?

Privilegiaram-se as atividades de avaliação formativa (Lopes & Silva, 2012) com as técnicas KWL (K- What I know) W (What I want to know) L (What I learned).

Foi criado um gráfico no Canva e inserido como imagem no Jamboard. A técnica KWL permite identificar quais os conhecimentos que os alunos já possuem e serve de motivação para a aquisição de novos conhecimentos. O conteúdo da coluna L – o que aprendi – fornece feedback sobre as aprendizagens alcançadas.

Outra técnica de avaliação formativa utilizada foi Duas estrelas e um desejo. Esta técnica consiste em permitir que, com base em critérios definidos em rubricas, os alunos possam autoavaliar os seus trabalhos e avaliar o trabalho dos colegas. É uma técnica que permite o desenvolvimento de competências de pensamento crítico e de cooperação.

A equipa instrutora construiu rubricas de avaliação na Classroom da biblioteca e que partilhou com todos os alunos.

Construiu também uma Checklist  para acompanhamento das atividades.
A avaliação dos trabalhos realizados foi tripartida: foi realizada pela equipa instrutora (professoras e bibliotecária), pelos alunos que realizaram os trabalhos (autoavaliação) e pelos alunos que assistiram à apresentação dos trabalhos e realizaram a heteroavaliação.

O resultado da avaliação dos trabalhos foi incluído na avaliação da disciplina de Cidadania (8º ano) e de Filosofia (11º ano).
A avaliação da satisfação dos intervenientes foi realizada com um questionário no Google forms.

Lopes, J. & Silva, H. (2012). 50 Técnicas de Avaliação Formativa. Lídel
 

Quais foram as principais conclusões e avaliações tiradas após colocar em prática essa experiência?

Esta experiência permitiu que a colaboração entre a biblioteca escolar e os professores fosse efetiva.

A centralidade da equipa da biblioteca escolar na dinamização das atividades e na promoção do trabalho colaborativo com os professores decorre da assunção de que quando os professores bibliotecários e os professores trabalham em conjunto, como coprodutores do currículo os alunos atingem elevados índices de literacia e melhoram as suas aprendizagens.

O trabalho colaborativo entre a equipa da biblioteca escolar e os professores, a disponibilização de recursos online, com repositórios abertos e acessíveis a toda a comunidade, aliada a uma compreensão do currículo como um processo que se constrói em rede, potenciam modos de ensinar e aprender dinâmicos, participados e eficazes, com impacto nos resultados escolares dos alunos e na aquisição de elevados níveis de literacias, resolução de problemas, competências de pesquisa e comunicação.

À biblioteca cabe, em articulação com os professores, disponibilizar recursos físicos e digitais, modos de operacionalização e construção de sequências didáticas com identificação clara dos objetivos a atingir, das tarefas a realizar, dos produtos a conseguir e dos modos de avaliação.

Em conjunto, desenvolvem-se projetos de ensino e aprendizagem que promovem o acompanhamento do currículo, o treino das diferentes literacias e a aquisição de aprendizagens significativas.

Destas competências que a biblioteca pode promover, salientamos o pensamento crítico, a compreensão de textos nas modalidades oral, escrita, visual e multimodal, a transformação da informação em conhecimento, mas também o trabalho em equipa, a cooperação e a partilha promovendo nos alunos práticas de cidadania,
atividades de interpretação de mensagens dos media, identificação dos propósitos implícitos dos textos mediáticos (textos de opinião e informações factuais) e exemplos de mensagens mediáticas intencionalmente manipuladas de forma a contribuir para a sua inclusão numa sociedade dominada pelas tecnologias e pelos media.


Qual o impacto desta experiência nos alunos e no seu ambiente?

Com esta experiência de aprendizagem pensamos que os alunos melhoraram as suas competências de cooperação, as competências digitais, as capacidades de pensamento crítico, um uso mais crítico dos media e uma disposição mais acurada à importância da procura da verdade.

  • Aprenderam a usar sistemas de comunicação por videoconferência, partilhar dados, informação e conteúdos digitais através do Workspace da Google.
  • Melhoraram as suas capacidades de procura e seleção da informação adequada, recolha, armazenamento e avaliação da informação.
  • Aprenderam a produzir conteúdos em ambientes digitais (vídeo e blogues) o que estimulou a sua criatividade e as suas competências de interação, colaboração e partilha.
  • Aprenderam a selecionar conteúdos livres de direitos de autor, a usar as licenças Creative Commons e a fazer referências bibliográficas de acordo com as normas APA 6ª edição.
  • Tornaram-se mais autónomos e capazes de interagir colaborativamente em ambientes virtuais.

Por último, pensamos que esta experiência de aprendizagem foi enriquecedora para professores e alunos, numa época em que proliferavam informações contraditórias, outras declaradamente falsas e manipulação de dados num clima de angústia e incerteza provocado pela pandemia.

É nossa perceção que esta experiência teve um impacto positivo nos alunos e no seu ambiente (estavam em casa, em ensino a distância) pois, com as aulas síncronas e as atividades de cooperação que tinham de desenvolver, é de esperar que se tenham sentido mais acompanhados, com atividades de aprendizagem estruturadas e com objetivos a atingir.


Que melhorias incluiria se repetisse esta experiência?

Uma nova edição desta experiência poderá vir a ser mais estruturada no sentido de verificar quais as competências digitais e críticas que os alunos possuem à entrada, com aplicação de pré-testes e a comparação com o nível de competências adquiridas depois da experiência com pós-teste.

Identificar as competências de literacia mediática a promover, estabelecer hipóteses de trabalho, desenvolver a experiência e verificar, no fim, o seu grau de consecução poderá constituir-se como uma pesquisa a realizar no futuro.


Gostaria de fazer algum comentário adicional?

 


 

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