Agrupamento de Escolas/ Escola não agrupada

Agrupamento de Escolas Luísa Todi | EB n.º 6 de Setúbal - Monte Belo


Concelho

Setúbal


Localidade

Setúbal


Título da experiência

Alimentação saudável e a sedução da publicidade


Qual dos eixos temáticos principais é desenvolvido na sua proposta?

Cidadania digital ativa e responsável


Data e duração da implementação

Entre 14 e 30 de outubro de 2020. Foi criada e implementada em outubro de 2020, a propósito do tema do Mês Internacional das Bibliotecas Escolares – “Descobrir caminhos para a saúde e o bem-estar”


Descreva brevemente a experiência

No âmbito do tema do Mês Internacional das Bibliotecas Escolares de 2020, as turmas visualizaram e fizeram a análise de vários anúncios publicitários sobre produtos alimentares, realizando-se a discussão sobre os maus hábitos que podem fomentar.

Posteriormente, procedeu-se à pesquisa, tratamento de informação e edição de cartazes digitais, fazendo apelo à dieta mediterrânica.


Idades dos alunos participantes

Idades compreendidas entre 8 e 10 anos.


Disciplinas(s) implicada(s)

Foram trabalhadas aprendizagens essenciais: Português (oralidade, comunicação e expressão escrita); Cidadania (educação para os media e educação para a saúde); TIC (comunicar e colaborar) e Estudo do Meio (sociedade – estilos de vida saudável).


Quais foram os objetivos de aprendizagem?

A atividade teve por objetivos:

  1. Conhecer e compreender o fenómeno da publicidade;
  2. Identificar as várias partes de que é composto um anúncio publicitário;
  3. Reconhecer que os anúncios têm uma intenção e um público-alvo definido.
  4. Distinguir publicidade comercial e não comercial;
  5. Produzir e usar os media: cartaz digital, reconhecendo a importância da dieta mediterrânica para um estilo de vida saudável e apelando para o uso.

Procurou-se desenvolver competências-chave que os alunos devem desenvolver ao longo da escolaridade obrigatória e apontadas como tal no Perfil do Aluno, como serem: conhecedores, comunicadores, respeitadores da diferença/do outro, leitores, investigadores, sistematizadores/organizadores, criativos, críticos e analíticos.

Procurou-se ainda que os alunos, ao trabalharem interdisciplinarmente aprendizagens essenciais das várias disciplinas mobilizadas, adquirissem também conhecimentos e atitudes inerentes ao trabalho da biblioteca escolar e nomeadamente da literacias dos media:

  • Conhecerem diferentes tipos de media (impresso icónico, sonoro, audiovisual multimédia);
  • Compreenderem que os media transmitem informação e veiculam valores;
  • Usarem alguns media e ambientes online previamente selecionados para produzir mensagens, interagir e comunicar;
  • Terem um comportamento ético e responsável no uso dos media;
  • Demonstrarem espirito crítico face aos media e sentido estético na apreciação de conteúdos mediáticos.

Qual foi a origem desta proposta?

A proposta foi inspirada numa atividade proposta pela Rede de Bibliotecas Escolares, no âmbito do referencial Aprender com a Biblioteca EscolarComo são feitos os anúncios de que eu gosto?, sendo também utilizados alguns dos recursos aí sugeridos.

Esta proposta foi adaptada, no sentido de abarcar a temática “Alimentação Saudável”, a trabalhar a propósito do Dia Mundial da Alimentação e da temática do Mês Internacional das Bibliotecas Escolares “Descobrir caminhos para a saúde e o bem-estar”.


Que metodologias foram utilizadas?

A atividade foi estrategicamente planificada de modo a que os alunos pudessem trabalhar a literacia dos media e neste caso concreto, a publicidade, numa dupla abordagem: enquanto consumidores de media, mas também como produtores de conteúdos mediáticos.

Foram utilizadas metodologias ativas permitindo aos alunos: visualizarem, dialogarem, analisarem, sintetizarem, pesquisarem, escreverem, conceberem e produzirem um produto mediático … adquirindo, conhecimentos, atitudes e valores e desenvolvendo competências e aprendizagens essenciais ao longo deste processo.

As várias tarefas foram também estrategicamente realizadas em vários espaços e contextos, com recurso a modelos de educação híbrida (presencial e a distância) e com grupos de geometria variável: grupo-turma, pequeno grupo, pares e individual, enriquecendo a aprendizagem.

A articulação estreita entre os docentes intervenientes: professora bibliotecária e os três titulares de turma, com apoio de uma coadjuvante, permitiu que os alunos sempre se sentissem apoiados nas tarefas, mas simultaneamente com margem de autonomia para a confrontação, a reflexão individual e interpares e a experimentação necessários à aprendizagem.

Também os recursos utilizados, foram escolhidos tendo em atenção a sua qualidade e intencionalidade pedagógica, bem como a dicotomia de formatos (analógico e digital), possibilitando o desenvolvimento de competências variadas e pensando também nos vários estilos cognitivos e perfis de aprendizagem dos alunos.


Se um professor de outro estabelecimento de ensino estivesse interessado em replicar a iniciativa, como a explicaria?

Trata-se de uma atividade planificada e implementada em articulação entre professora bibliotecária e os professores titulares, com um coadjuvante, de três turmas, que cruza várias disciplinas (Português, Estudo do Meio, Cidadania e TIC) e que aborda o tema da alimentação saudável, a partir de uma análise da narrativa e intencionalidade da publicidade.

 Foram utilizados espaços variáveis, físicos: biblioteca escolar e sala de aula e espaço virtual: Classroom, geridos segundo modelos de educação híbrida utilizados: rotação por estações, laboratório rotacional e sala de aula invertida.
A atividade foi implementada em várias etapas:

  1. Visualização e análise de anúncios publicitários, na biblioteca escolar;
  2. Exploração oral dos elementos e objetivos de um dos anúncios analisados (McDonald’s): cenário, personagens, cor, ritmo, música, slogan, público-alvo, linguagem, narrativa (forma e intenção), na biblioteca escolar;
  3. Preenchimento do mapa/guião de análise do anúncio e apresentação aos colegas, em sala de aula;
  4. Análise do anúncio (consumo), a influência na vida diária e a sua contradição com a alimentação saudável e sustentável, levando os alunos a identificar situações de consumo prejudicial para a saúde e bem-estar, na biblioteca escolar;
  5. Introdução de alguns conceitos sobre a alimentação saudável e a dieta mediterrânica, na biblioteca escolar;
  6. Pesquisa sobre a dieta mediterrânica: o que é a dieta mediterrânica; quais os seus princípios: quais os países que a praticam. Tarefa em casa, através de guião (Google Forms) e recursos pré-selecionados, para a pesquisa e tratamento da informação, mediados pelo professor titular através do Classroom. Escrita de um texto individual;
  7. Apresentação dos textos pelos alunos, discussão e escrita de um texto coletivo, na sala de aula (sala de aula invertida);
  8. Planificação e elaboração, em grupo, de um Cartaz Digital (Canva), de apelo a alimentação saudável e à dieta mediterrânica, com um texto coletivo gerado em QR Code, na biblioteca escolar;
  9. Apresentação dos cartazes e divulgação da atividade no boletim e redes sociais da biblioteca escolar e do agrupamento e página web do agrupamento.
  10. Avaliação da atividade (google forms). 

Qual o grau de participação e de envolvimento dos alunos?

Os alunos, de um modo geral, envolveram-se bastante na atividade, embora o grau de envolvimento de alunos e docentes não tenha sido o mesmo nas três turmas abrangidas pela atividade. Numa das turmas, excedeu mesmo as expectativas iniciais, dado que, tanto a docente titular de turma, como a docente coadjuvante cumpriram a planificação acordada, em termos das tarefas e calendarização definidas e organizaram as dinâmicas de sala de aula fomentando uma aprendizagem colaborativa entre todos aos alunos, apesar dos diferentes ritmos e níveis de aprendizagem.

Enquanto professora bibliotecária, a literacia dos media é dos eixos do meu trabalho com os alunos, quer numa ótica de consumidores, quer na ótica de produtores de media.

Esta atividade teve a o mérito de poder trabalhar os media simultaneamente nestes dois posicionamentos, pois são ambos o reverso da mesma moeda. Cada vez mais, as redes sociais ocupam um lugar central na vida dos jovens, expondo-os à desinformação intencional e minando verdades em que assentam os pilares de um estado de direito. Mais do que um interesse, é atualmente uma necessidade trabalharmos os media com os nossos alunos alertando-os para os perigos dessa manipulação intencional.

Contudo, antes de terem acesso a redes sociais, desde tenras idades as crianças convivem com a publicidade que lhes chega sobretudo através da televisão, tomando como verdadeiras todas as qualidades intencionalmente atribuídas aos produtos anunciados, por não estarem preparadas para analisar criticamente a informação recebida.

Assim, pareceu-me pertinente trabalhar a temática da alimentação saudável, desconstruindo a narrativa presente nos anúncios analisados e contrapondo-a aos conceitos de uma alimentação saudável, presente na dieta mediterrânica, como ilustra a pirâmide dos alimentos, além de outras preocupações ambientais.


Como é que o uso da tecnologia enriqueceu ou melhorou a aprendizagem dos alunos?

A tecnologia permitiu, por um lado, introduzir um novo contexto não presencial e presencial virtual, através da plataforma digital Google Meet, que enriqueceu a aprendizagem dos alunos, permitindo-lhes desenvolver tarefas em interatividade, por meio da educação híbrida. Permitiu também aos docentes irem orientando a acompanhando os alunos na realização da pesquisa que realizaram, sendo que alguns alunos que habitualmente não colaboravam em sala de aula, até se sentiram mais confortáveis para o fazerem a distância. Também as famílias acompanharam o processo a apoiaram os alunos reforçando o seu papel. Aos alunos atribuiu-lhes autonomia e responsabilidade na realização das tarefas.

Por outro lado, a utilização da ferramenta Canva para a produção de cartazes envolveu bastante os alunos, que ficaram motivados para a descoberta das potencialidades da ferramenta e produziram os cartazes com relativa facilidade e autonomia. Pelo que, a utilização desta ferramenta digital facilitou o processo de aprendizagem a partir de uma prática dinâmica, em que os alunos foram não só autores dos produtos finais, mas também atores em todo processo e não meros objetos da vontade dos professores.


Que estratégias e instrumentos de avaliação foram utilizados?

Foi efetuada uma avaliação formativa nas sessões, ao longo de todo este processo de aprendizagem. Docentes e os alunos foram refletindo sobre a forma como estavam a decorrer as tarefas face aos objetivos pretendidos, as dificuldades e os constrangimentos sentidos. Os alunos foram sempre recebendo o feedback sobre a tarefas e os produtos intermédios realizados, de modo a melhorarem o seu desempenho ao longo do processo.

Também no final da atividade, foi efetuada pelos alunos uma autoavaliação, com recurso a um formulário digital (Google forms), e uma reflexão crítica interpares e pelos professores aquando da apresentação final da atividade.

Após a atividade, os docentes também refletiram e avaliaram os impactos na aprendizagem dos alunos, utilizando uma ficha de analise global da atividade e tendo em conta a avaliação das aprendizagens essenciais das disciplinas, em sala de aula.

Veja a Grelha de análise global da atividade preenchida pelos docentes e o Formulário de autoavaliação enviado aos alunos.


Quais foram as principais conclusões e avaliações tiradas após colocar em prática essa experiência?

Ao realizarem esta atividade, os alunos desenvolveram conhecimentos, capacidades e atitudes face aos media, nomeadamente: familiarizaram-se com o conceito de media, conheceram diferentes tipos de media e em particular a publicidade. Aprenderam que os anúncios publicitários comerciais têm uma intenção e um público-alvo definido e uma linguagem própria, da qual se apropriaram. Ficaram mais atentos a esta linguagem e intencionalidade, desenvolvendo espírito crítico face à publicidade comercial, mas aprenderam também que existe um tipo de publicidade não comercial que pode fazer mudar ideias e comportamentos.
Aprenderam como se faz um cartaz e a utilizar este formato para publicitar uma ideia, utilizando para o efeito a ferramenta Canva.

Ao desenvolverem a atividade, trabalharam também conteúdos curriculares e realizaram aprendizagens essenciais das várias disciplinas de Português, Estudo do Meio, Cidadania e TIC.

De um modo geral, os objetivos de aprendizagem inicialmente previstos na planificação da atividade foram alcançados, embora o nível das competências alcançadas pelos alunos tenha sido variável, o que se deveu a vários fatores:

Desde logo, o nível de aprendizagem dos alunos envolvidos era diferente, assim como as suas necessidades e potencialidades, sendo alguns dos alunos participantes alvo de medidas de suporte à aprendizagem e à inclusão.

Depois, as metodologias utilizadas para a implementação da atividade, aliadas ao uso das TIC como ferramentas de aprendizagem estavam mais apropriadas por alguns dos alunos do que outros, em função do trabalho pedagógico desenvolvido em sala de aula.

Por último, o grau de envolvimento dos docentes no desenvolvimento da atividade também não foi homogéneo, o que condicionou também o envolvimento dos alunos e o grau de competências resultantes deste processo. Foi notória a diferença entre docentes novos na escola, que estavam a começar a experimentar e a adquirir rotinas de trabalho articulado com a biblioteca escolar, com a introdução de ferramentas e metodologias inovadoras, comparativamente com docentes e alunos que já conheciam e trabalhavam estas metodologias com a biblioteca escolar, no âmbito do projeto Tr@nsLiteracias, que resultou numa candidatura ideias com mérito, apoiada pela Rede de Bibliotecas Escolares.


Qual o impacto desta experiência nos alunos e no seu ambiente?

A experiência foi impactante para os alunos, pois saíram de um papel passivo, mais habitual, em contexto letivo, e experimentaram novas estratégias, metodologias, ferramentas e contextos para de forma autónoma, mas com o apoio necessário produzirem conhecimentos e desenvolverem competências tendo em conta, o mundo cada vez mais digital, tecnológico e conectado em que vivem.

Ao trabalharem, analisando, refletindo, questionando, sintetizando, pesquisando e tratando informação, produzindo textos escritos e conteúdos mediáticos em torno do fenómeno da publicidade adquiriram conhecimentos, capacidades e desenvolveram atitudes não só sobre a literacias dos media, mas também sobre todos os conteúdos das disciplinas mobilizadas para a atividade.

Foi efetuada a divulgação da atividade, dentro da escola, através da apresentação e exposição dos trabalhos resultantes, na discussão e reflexão entre docentes em reuniões de escola e parceria, mas também para o exterior, através da publicação no boletim da biblioteca escolar e nas redes sociais da escola, do agrupamento e da biblioteca escolar, a página das bibliotecas escolares do agrupamento e na exposição de final de ano na escola sede.

O interesse suscitado em torno desta e de outras atividades desenvolvidas em articulação com a biblioteca escolar e como trabalhar as aprendizagens essenciais de forma inovadora e flexível com recurso a ferramentas digitais esteve na origem de uma oficina de formação acreditada de 30 horas, que decorreu na biblioteca da escola, que dinamizamos com professores desta e de outras escolas do agrupamento.


Que melhorias incluiria se repetisse esta experiência?

Penso que envolveria menos turmas, pois em termos da operacionalização, não fácil orientar e acompanhar tantos alunos e professores.

Contudo, a opção de abranger as três as turmas de 4º ano de escolaridade da escola, pareceu-me estrategicamente adequada, pois precisava envolver também professores com rotinas de trabalho com a biblioteca escolar, para beneficiar do efeito “de contágio” e enriquecer a partilha e reflexão crítica entre todos.

O tempo de operacionalização, em via destes constrangimentos também curto para um trabalho extenso e aprofundado.

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