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Cecilia Marchisio

A Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência mudou a perspetiva com que se olha para a diversidade humana: reafirma que todos gozamos de todos os direitos, independentemente das nossas características. Isto significa uma mudança radical de paradigma: já não é um mundo em que há requisitos mínimos para ser considerado cidadão de pleno direito, ou em que há formas “normais” e “anormais” de existir, mas uma comunidade humana em que todos têm direito a uma cidadania plena, tal como são, independentemente do seu corpo ou funcionamento mental. A deficiência torna-se assim uma das formas possíveis de expressão da variedade humana.

Esta visão tem um impacto significativo do ponto de vista educativo e pedagógico. Se cada pessoa tem o direito de existir tal como é, os nossos esforços devem ser direcionados para a modificação dos contextos e dos instrumentos que permitam a plena participação de todos e de cada um. O desenho universal e as adaptações razoáveis que a convenção prescreve tornam-se assim ferramentas indispensáveis para a cidadania. O poder pedagógico da construção de ambientes acessíveis e inclusivos permite que as crianças e os adolescentes experimentem que é possível realizar as suas tarefas de forma diferente (pode-se ler com os ouvidos, pode-se falar com as mãos), mas que a diversidade não deve ser temida ou combatida, mas é uma característica plenamente humana. Tornar os contextos acessíveis é um processo contínuo que nunca se pode dizer que tenha sido totalmente alcançado, exigindo um trabalho profundo por parte dos educadores para desconstruir continuamente a sua própria segurança.

A investigação demonstra que a educação inclusiva pode ajudar a lançar as bases da educação para a paz e a tolerância.

 

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