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Trabalho vencedor - Ensino Secundário

Texto

Pioneiro de um novo ofício

Na alvorada de um dia que prometia ser histórico, a caravela Pão de Ouro balançava suavemente no porto de Lisboa.

Não era uma embarcação como as outras que partiam em busca de especiarias ou terras exóticas. Esta tinha uma missão diferente. A bordo, um grupo de padeiros, liderado por Thomaz do Forno, preparava-se para desbravar um território ainda desconhecido. Eram homens e mulheres simples e humildes, mas com um propósito grandioso, levar o seu ofício além-mar e encontrar terras férteis onde pudessem erguer novos fornos e moldar o pão do futuro.

Thomaz, de barba espessa e olhos que carregavam a sabedoria de anos diante do calor dos fornos, era um líder nato. Era conhecido tanto pela sua habilidade com a massa como pela sua determinação inabalável. Foi ele quem reuniu os melhores padeiros do reino e convenceu os nobres a financiar a expedição, argumentando que, onde houvesse pão, haveria civilização.

“Companheiros!” – começou Thomaz, numa última reunião, antes da partida – “O nosso destino é incerto, mas a nossa missão é certa. Não levamos armas, mas levamos farinha e fermento. Não buscamos ouro, mas, sim, terras que nos deem trigo e água. Seremos pioneiros num ofício que sustenta a vida, e a nossa história será contada nas mesas das gerações futuras.

A viagem foi longa e cheia de desafios. O mar, impiedoso, testava, diariamente a resistência da tripulação. A farinha, cuidadosamente armazenada nos porões, era protegida como um tesouro. Nas noites calmas, Thomaz reunia os padeiros no convés e liderava sessões de trabalho improvisadas, onde ensinava novas técnicas de fermentação e cozedura. Era uma forma de manter a moral alta e de lembrar a todos porque estavam ali.

Após semanas de navegação, finalmente avistaram terra. Uma ilha verdejante e promissora surgiu no horizonte, rodeada por praias de areia branca e fina. Assim que desembarcaram, Thomaz tomou a dianteira, observando atentamente o terreno. Era uma terra fértil, com um rio de águas cristalinas que serpenteava, para começar uma nova vida.

“Este será o nosso Forno do Mundo” – declarou Thomaz, erguendo um punhado de terra nas mãos calejadas. “Aqui, construiremos fornos como nunca antes se viram. Plantaremos trigo, colheremos o futuro e faremos desta terra uma extensão da nossa Pátria.”

Sob a liderança de Thomaz, o grupo trabalhou sem descanso. Em conjunto, todos construíram um forno de pedra com recursos locais, usando o rio como fonte de água e as florestas como combustível para as brasas. Testaram o solo com as sementes de trigo que trouxeram e, enquanto esperavam pela colheita, assavam pães com raízes e frutos, inventando, criativamente, receitas únicas que misturavam os sabores locais com a tradição portuguesa.

Com o tempo, a ilha tornou-se um ponto de paragem para outras embarcações. Marinheiros de todas as partes vinham buscar os pães que os padeiros produziam. Thomaz tornou-se uma figura lendária, o homem que não procurava riqueza, mas cuja visão alimentava todos os que por ali passavam.

E assim o grupo de padeiros transformou uma terra desconhecida num lar. Para eles, o pão era mais do que um sustento, era união, esperança e o símbolo de um novo começo. Sob o comando de Thomaz do Forno, a missão cumprira-se e o cheiro do pão a cozer espalhava-se pelo ar, como um lembrete de que a Humanidade sempre encontraria formas de prosperar, mesmo nos confins do desconhecido.

E, ainda hoje, assim reza o epitáfio deste herói das novas descobertas:

Nos confins da minha alma portuguesa 
Existe um grande amor transcendente
É a cozinha em estado de pureza
A tornar qualquer cereal surpreendente.

Thyago Alves Albino Freitas | 2.º ano do Técnico de Gestão
Instituto dos Pupilos do Exército

 

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