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1984 + 40: EUA a caminho da distopia

“EUA a caminho da distopia”. Opinião de Francisco Antunes vence em novembro

[27.12.2024]
 
Aluno frequenta o 12.º ano no Agrupamento de Escolas de Caneças, em Odivelas. Eleições americanas? “No mundo da razão, ganharia Kamala. Mas...”

4 de novembro de 2024, véspera das eleições nos Estados Unidos. Nesse dia, Álvaro Vasconcelos, autor de De Trump a Putin: a Guerra contra a Democraciaassinava, no PÚBLICO, um texto de opinião. O título já sabemos qual era: Kamala Harris vai derrotar Trump”. O aluno Francisco Antunes discorreu sobre ele e venceu a edição de novembro do concurso Isto também é comigo!”, iniciativa do PÚBLICO na Escola e da Rede de Bibliotecas Escolares (RBE). Integraram o júri: Anabela Sobrinho, professora, AE António Correia de Oliveira, Esposende; Lara Batista, aluna do 12.º ano no AE de Monserrate, Viana do Castelo; Luísa Gonçalves, coordenadora do PÚBLICO na Escola; e Raquel Ramos, elemento da equipa do Gabinete Coordenador da RBE.

Fotografia de Brendha
Francisco Antunes é perentório: "Não podemos ser tolerantes à intolerância!"
 
 

1984 + 40: EUA a caminho da distopia

“Kamala Harris vai derrotar Trump”. Pois é, Álvaro Vasconcelos, tal não aconteceu. Morre a liberdade com aplausos. Aqueles que votaram, talvez o tenham feito pela última vez. Venceu o condenado, o mentiroso, o traidor, um “Capitão América” que pôs segredos de Estado em risco. Quem, em seu perfeito juízo, no rescaldo do 6 de janeiro de 2021, acreditaria que Trump voltaria à Casa Branca? Ninguém!

Juízo implica razão e, por isso, no mundo da razão, ganharia Kamala. Mas vivemos num mundo romântico – já dizia João da Ega. A política do bom senso não tem lugar no mundo da superficialidade e da desinformação. George Orwell mostrou como a propaganda manipula as emoções das massas a favor dos incumbentes. As pessoas adoram fantasias – ainda mais no berço de Hollywood – e Trump sabe disso. Não é empreendedor, antes mestre de cerimónias, mago do "marketing".

A narrativa de “Tornar a América grande outra vez” é apelativa, especialmente em tempos de crise económica e geopolítica. Os americanos veem preços altos, carteiras vazias, notícias de guerras e miséria. Pouco importa que Biden tenha tido resultados económicos positivos, controlado a inflação ou enfrentado crises globais fomentadas pela administração anterior. Pouco importa que Trump seja incompetente, insensato, misógino e que tenha incitado à violência e jogado contra a democracia. 

E qual é a resposta dos ditos racionalistas? É, como Vasconcelos refere e muito bem, o menosprezo das consequências da eleição de Trump, o qual, francamente, nada tem de racional. Esta apatia levará o mundo para uma espécie de “live-action” ao estilo de 1984, a distopia de Orwell. É triste como até a Europa, depois de tantos tiros, continua a não usar colete à prova de balas. Não podemos ser tolerantes à intolerância!

A razão não prevaleceu. Kamala Harris não derrotou Trump. Preferiu-se o filme ao documentário; por isso, eu não sou tão otimista como Álvaro Vasconcelos. Afinal, a razão é um pilar frágil no sustento da esperança. Mas não nos apoquentemos, pois, em breve, a mentira tornar-se-á verdade, e todos amaremos “o Grande-Irmão”.

Francisco Maria Jerónimo Antunes, 12.º ano
Agrupamento de Escolas de Caneças, Odivelas
 
 
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