A biblioteca escolar deve criar oportunidades, designadamente por via do cultivo da sensibilidade e da imaginação que as artes e a cultura permitem, para que as crianças e jovens descubram, construam e interiorizem um sentido pessoal para a vida, uma forma de transcendência a partir da sua condição finita.
Por outro lado, o maior desafio da vida moderna está em garantir qualidade de vida para todos. É, portanto, um desafio de justiça.
Apesar de não existir um modelo ou forma única para se ser feliz, a biblioteca escolar pode, para além das artes e da cultura, aprofundar e alargar um outro caminho para a felicidade e que é o da realização de projetos de cariz social que, valem por si mesmos porque contribuem simultaneamente para o bem comum, a justiça coletiva e a felicidade individual (A. Cortina).
Temos que deixar de ver o mundo através de espelhos (selfies) e passar a vê-lo a partir de janelas que nos permitam ler, ver e escutar (fazem parte da dimensão não formal e informal da leitura) a real dimensão dos problemas e a vulnerabilidade dos outros, sobretudo daqueles que não têm voz no espaço público (pobreza, saúde mental, envelhecimento, refugiados…). A realização de projetos de solidariedade e de voluntariado, tendo em vista a diminuição do sofrimento alheio, exige conhecimento, compromisso, superação e empatia, para além de gratuitidade (vontade do coração). O desenvolvimento destes valores, sobretudo quando colocados ao serviço do outro (pedagogia social e da compaixão), podem contribuir para a realização pessoal (fulfillment) e para alicerçar a democracia em bases sólidas e confiáveis que nos levem à paz, inclusão e permitam tornar este mundo mais humano, sustentável e no qual vale a pena viver.
Fonte da imagem: A. Cortina. (2019). Aporofobia, el miedo a las personas pobres. TEDxUPValència. Retirado de: https://www.ted.com/talks/adela_cortina_aporofobia_el_miedo_a_las_personas_pobres | M. Medina-Vicent. (2015). Adela CORTINA ORTS, ¿Para qué sirve realmente la ética? In Eikasia. Revista de Filosofia. Pp. 865-871. Retirado de: http://www.revistadefilosofia.org/66-26.pdf