Carta Universal de Deveres | Artigo 12

"Os investigadores, cientistas, centros de investigação, as empresas e demais organizações sociais, económicas e culturais têm o dever e a obrigação de promover o conhecimento, o desenvolvimento e a inovação científica e tecnológica responsável em benefício da humanidade, e de proceder em conformidade com as melhores práticas éticas."

Fundação José Saramago. (2017). Carta Universal de Deveres e Obrigações dos Seres Humanos. https://www.josesaramago.org/carta-universal-dos-deveres-e-obrigacoes-dos-seres-humanos/ 

Discussão/ Oficina de escrita livre

Cuidemos de nos interrogar sobre quem somos e qual é o nosso propósito e responsabilidade social, inclusive pelas futuras gerações.

1. O que faz um nome? O apelido/ título dado ou as ações que cada um pratica?

2. Na família há um nome com especial significado, que constitua um farol para a ação coletiva?


Palavras de Saramago

“Saramago não era um apelido do lado paterno, mas sim a alcunha por que a família era conhecida na aldeia. Que indo o meu pai a declarar no Registo Civil da Golegã o nascimento do seu segundo filho, sucedeu que o funcionário […] decidiu, por sua conta e risco, acrescentar Saramago ao lacónico José de Sousa que meu pai pretendia que eu fosse. […] para que tudo ficasse no próprio, no são e no honesto, meu pai não teve outro remédio que proceder a uma nova inscrição do seu nome, passando a chamar-se, ele também, José de Sousa Saramago. Suponho que deverá ter sido este o único caso, na história da humanidade, em que foi o filho a dar o nome ao pai.”

Saramago, As pequenas memórias, p. 42.

“Sou autodidata. A minha família não tinha meios. Trabalhei como serralheiro mecânico durante cerca de dois anos, com o clássico fato-macaco azul, e fiz muitos outros ofícios. A minha educação literária foi feita  as bibliotecas públicas, porque na minha casa não tinha um único livro, a minha mãe era analfabeta. Nada indicava que eu pudesse ter a trajetória que tive. Escrevi um romance aos 25 e, depois, mais nada até que, já depois dos 50, perdi o meu trabalho de jornalista no Diário de Notícias e decidi que era o momento de me consagrar à escrita.”

Ayén, X. (2006, 8 jan.). “Lisboa e o mundo em palavras de Saramago” [Entrevista], in: Aguilera, 2010.

“No meu ofício de escritor, penso não me ter afastado nunca da minha consciência de cidadão. Defendo que aonde vai um, deve ir o outro. Não recordo ter escrito uma só palavra que estivesse em contradição com as minhas convicções políticas, mas isso não significa que alguma vez tenha posto a literatura ao serviço da minha ideologia. O que significa, isso sim, é que no momento em que escrevo estou expressando a totalidade da pessoa que sou.”

Saramago, J. (1997). Cadernos de Lanzarote: Diário IV. Lisboa: Caminho, p. 233

“Em todos os sentidos, como destino e como autor, é um caso paradoxal. Aparece tarde no horizonte da ficção portuguesa, quando já ninguém o esperava, provavelmente nem ele. E isso é já em si um paradoxo e sobretudo um milagre cultural.”

Lourenço, E. (2010, 18 jun.). “Depoimentos ao Público sobre Saramago”, in: Público. https://www.publico.pt/2010/06/18/culturaipsilon/noticia/depoimentos-ao-publico-sobre-saramago-1442599 

O nome, a raiz, a memória ….  
É aprofundada e alargada pela vivência, reflexão e imaginação do cidadão e escritor José Saramago.
Molda-lhe o caráter, dá-lhe consistência e cria-lhe um propósito que a idade e a notoriedade faz urgente: a luta pelos mais vulneráveis e invisíveis que deve ser um compromisso de todos para que o mundo se torne um lugar habitável e humano.
Alimenta a forma disciplinada e incansável como trabalha todos os dias, o espírito desassossegado e crítico como observa e responde aos desafios do mundo. 
Tem uma origem, Azinhaga, destina-se à consagração, o Prémio Nobel da Literatura, em 1998.
Mais do que milagre, é dever/ responsabilidade, perante si próprio e o mundo.

“Conheces o nome que te deram, não conheces o nome que tens.
Livro das Evidências"

Saramago, Todos os nomes, p. 7

 

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