Ler com todos

AE de Cuba

Assumindo a leitura um papel preponderante na formação de cidadãos críticos, responsáveis e detentores de competências transversais a diferentes áreas do saber, importa considerar a forma como os alunos atualmente acedem à leitura e que uso fazem uso dela. O conhecimento pragmático, confirmado pela análise dos resultados escolares dos nossos alunos revelou que estes têm, cada vez mais, necessidade de desenvolver competências de leitura que favoreçam a melhorias desses resultados.

A BE oferece a leitura de livros em diferentes suportes, mas persiste a questão: será que os alunos usam adequadamente essas novas ofertas de leitura? A leitura dinâmica, introduzida pelo hipertexto, confere uma permanente transformação à relação leitura-escrita e coloca-nos perante a necessidade de percebermos como é que a tecnologia digital pode, e deve ser utilizada na formação de leitores críticos e competentes (com consequências positivas, inclusive na produção de texto).

O desenvolvimento de competências de leitura em dispositivos digitais (que existem na BE- tablets e e-readers) ou tradicionais, deverão interligar-se e constituir-se como um instrumento interativo de leitura e de escrita, que favoreça o desenvolvimento e a ampliação da competência discursiva dos alunos. Quanto mais livros lerem, e em diferentes suportes, melhor será a compreensão leitora. O interesse por assuntos diversos aumentará e os alunos sentir-se-ão mais motivados a procurar novas informações, o que facilitará a sua aprendizagem nas diferentes áreas disciplinares.

Outra questão importante no diagnóstico efetuado: as atividades desenvolvidas na BE e na sala de aula, como a leitura em voz alta, o empréstimo de livros na biblioteca, as horas do conto, entre outras estratégias para garantir que todos os alunos têm contato com a literatura e, consequentemente, desenvolvem o hábito de ler, proporcionaram um maior interesse por parte dos alunos em relação aos livros e um aumento na quantidade de obras que circulam na escola e nas famílias, contudo, essas mudanças ainda não correspondem a uma significativa melhoria na compreensão leitora nem na qualidade dos textos produzidos pelos alunos.

O conhecimento empírico-especulativo revela-nos que pode não ser suficiente colocar os livros à disposição dos alunos para que eles compreendam a importância desse capital cultural e sejam seduzidos pela leitura. A sedução passa também pela utilização de dispositivos de leitura mais atuais e desafiantes, com qualidade, assim como diferentes interações que se estabeleçam nas situações de leitura e que favoreçam um trabalho ativo de construção do sentido do texto. Isto é, as atividades criadas em torno da leitura deverão possibilitar a compreensão do escrito (elementos explícitos e implícitos, estabelecer relações entre a obra lida e outras já conhecidas, descoberta dos inúmeros sentidos que podem ser atribuídos à leitura…) e facilitar a produção escrita. Estas asserções conduzem-nos à identificação de uma necessidade concreta, uma comunidade de leitores - formar leitores requer um investimento significativo na construção de uma comunidade que compartilha textos, troca impressões acerca de obras lidas e constrói um percurso leitor próprio, inicialmente mediado e, posteriormente, com autonomia. O acesso a diferentes textos e conteúdos, através de abordagens que proporcionem o acesso a diferentes pontos de vista, a interpelação, o fazer pensar favorecem a compreensão leitora. Uma comunidade de leitores que não deverá restringir-se apenas a alunos e docentes, mas alargar o espaço às famílias e ao pessoal não docente.

A escola encontra este espaço na biblioteca escolar, mas os espaços poderão desmultiplicar-se: no bar da escola, na sala de professores, por exemplo. Locais em que se possa ler e refletir, trocando impressões sobre o lido, uma vez que a compreensão é enriquecida com a leitura partilhada.

Finalmente, Ler com Todos significa, ler em diferentes suportes, com diferentes públicos e diferentes áreas do conhecimento.