Trinta Anos de Camões Ensaios e Intervenções 1991-2021 de Hélio Alves Caleidoscópio, maio de 2025
Sinopse da editora Este livro consiste numa recolha de reflexões realizadas entre dois regressos do autor a Portugal, o primeiro antes de iniciar a carreira universitária, o último logo depois de mudanças determinantes nela. A migração é o entre-lugar certo para entender Luís de Camões e os seus intérpretes mais voluntariosos e influentes (Manuel de Faria e Sousa, António José Saraiva e Jorge de Sena foram, como ele, emigrantes). A vida noutras paisagens e culturas permite adquirir o distanciamento necessário para, sem deixar de ver a árvore, vislumbrar a floresta. Camões como autor não é o que tem parecido ser. Não é tão independente, ousado ou desinteressado como se tem dito, nem é o cantor do povo que direita e esquerda nele quiseram ver. Queixa-se insistentemente de que a poesia, a cultura e as artes são desdenhadas em Portugal, mas aquilo que incomoda Camões pessoalmente é a falta do «favor com que mais se acende o engenho», isto é, a falta de subvenção mecenática - e não, como erradamente se tem visto, a «apagada e vil tristeza» da pátria. Queixa-se, como é fama, de ser vítima de infortúnios e miséria; foi, porém, tratado pela Coroa de modo invulgarmente favorável. Grande poeta épico e lírico, capaz duma fluência e energia inigualáveis, Camões levanta, ao mesmo tempo, problemas terríveis. Trinta Anos de Camões é uma colectânea de crítica literária, filológica e histórico-cultural que pretende contribuir para uma compreensão mais genuína da sua poesia, ao arrepio das interpretações excepcionalistas e exclusivistas predominantes desde há séculos. |